Na contramão da crise que afeta vários setores da economia, os atacarejos, redes de supermercados que misturam vendas no atacado e varejo, passam a ganhar cada vez mais a preferência dos consumidores. Em Roraima, essa realidade já está fazendo parte da vida dos boa-vistenses graças à implantação de dois estabelecimentos deste porte
Além do mix de produtos e serviços em um único lugar, as opções de preços também têm sido fatores primordiais para a fuga de clientes, que têm se permitido gastar um pouco mais com combustível só para economizar nas compras do dia a dia. “Como há uma diversificação de opções, o consumidor acaba se sentindo mais à vontade em optar por locais que ofereçam vantagens ao bolso. Então, eu acho muito válido esse tipo de iniciativa”, comentou o atendente de banco João Silva.
Dona de uma pequena padaria no bairro Senador Hélio Campos, na zona Oeste, Jandira Saldanha sabe que em tempos de crise encontrar preços acessíveis tem sido fundamental para manter o equilíbrio dos orçamentos cada vez mais comprometido da sua empresa. “Antigamente, nós tínhamos uma limitação grande de produtos no mercado e quem precisava disso ou daquilo precisava às vezes pedir de fora, o que em alguns casos poderia até sair mais caro. Tendo essa diversificação, com preço acessível, ajuda bastante, principalmente agora com a crise”, contou.
Segundo pesquisa da Consultoria Nielsen, somente no primeiro semestre de 2015 o setor registrou crescimento na ordem de 7,5% em todo o País, enquanto os hipermercados varejistas apresentaram queda de 0,7%. “Apesar de ser atacarejo, nossa loja tem um foco muito mais voltado para o varejo do que para o atacado, e isso se dá principalmente pela agregação de serviços em um único local, que consequentemente acaba por trazer mais clientes. Do pão ao frio, da furtaria à peixaria, da bebida ao produto de limpeza. Isso possibilita não só a economia, como também aumenta as opções de compras do consumidor”, afirmou Cléo Carvalho, gerente de um atacarejo no bairro Cauamé, na zona Oeste.
Outro fator que também tem despertado cada vez mais a simpatia dos consumidores é o atendimento, considerado a dor de cabeça de nove entre dez pessoas. Segundo Carvalho, desde o início da implantação do estabelecimento, a empresa se preocupou bastante com esse quesito, oferecendo treinamento sobre atendimento ao público a todos os profissionais que compõem o quadro de servidores.
“Além de toda essa preocupação com preço e variedade de produtos, nós temos também uma preocupação muito grande no atendimento. Hoje em dia, essa questão é de fundamental importância para qualquer estabelecimento, e tendo esse diferencial, faz com que o consumidor acabe se fidelizando à loja, fazendo com que ele tenha prazer em retornar novamente”, disse.
Supermercados encaram as mudanças como desafio
Apesar do momento de turbulência, alguns supermercados encaram a nova concorrência como a oportunidade ideal para sair da zona de conforto. Gerente de uma unidade no Centro, José Carlos afirma que por conta da atual situação em que o mercado local se encontra, muitos empresários têm investido em estratégica para beneficiar o consumidor.
Além da nova concorrência, outros dois fatores também podem ser observados em todo esse cenário. A primeira é que muitas redes locais acabaram criando filiais, o que acabou dividindo os lucros de mercado; e a outra é a própria crise econômica, que tem limitado o poder de compra do consumidor. “Apesar disso, o setor tem investido em estratégias que beneficiam os clientes, seja em forma de promoções ou outras melhorias que os fidelizam junto a nós”, pontuou.
Para o publicitário Leandro Costa, a abertura de novos concorrentes só tem a valorizar os dois lados, tanto o consumidor, que passa a ganhar em diversificação de preços e produtos, quanto aos empresários, que passam a reforçar ainda mais as potencialidades de suas empresas. “Tendo mais concorrência, fica bom para os empresários e melhor para a gente, que acaba ganhando mais opções de compra e de preço”, concluiu o consumidor. (M.L)